BUSCAPÉ

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Formigas carnívoras e outras curiosidades sobre as formigas

Uma formiga-carnívora do tamanho de um palito de fósforo é a novidade da Casa do Sangue Frio no Zoológico de São Paulo. Lá estão instaladas duas colônias das superformigas Dinoponera gigantea e Dinoponera australis. Conhecida como tocandira ou formiga-carnívora-gigante, ela é preta e tem um potente ferrão que injeta um líquido mortal em suas presas. As vítimas são baratas, besouros e até pequenos lagartos.

As duas espécies são brasileiras e são consideradas as maiores formigas-operárias do mundo. Formigas-operárias são as que só trabalham em benefício do formigueiro, estão sempre em atividade e jamais se reproduzem.

O grupo de Dinoponera gigantea (que tem mais de 3 cm) veio do Maranhão - onde vive - para ser estudado por biólogos no Museu de Zoologia de São Paulo. O grupo de D. australis (pouco menor do que a maranhense) foi coletado no interior de São Paulo.

De acordo com o biólogo Carlos Roberto Brandão, do Museu de Zoologia, as formigas-gigantes só atacam quando incomodadas. Porém, seu veneno é mortal para animais de pequeno porte (a picada de uma delas pode matar um rato). Algumas vezes, esse veneno pode ser fatal para o homem também. "Se a pessoa que foi picada é alérgica, ela poderá até morrer. Outras podem nem sentir a picada", explica o biólogo.

Ao contrário das outras espécies de formigas - que apresentam uma ou mais rainhas, dependendo da espécie -, o grupo de superformigas não tem rainha. A mãe de todas é uma operária escolhida numa disputa entre elas.

Outra curiosidade: o seu ninho é escavado (enquanto da maioria é construído sobre a superfície) a dois metros de profundidade do solo, se abrindo numa espécie de fenda no chão. Da fenda se inicia um buraco que lembra um túnel em formato espiral, de onde saem as câmaras (espécie de salas, onde elas vivem e trabalham).

No lugar da rainha, as formigas-gigantes têm uma operária dominante que é a mãe dos futuros filhotes. A escolha é feita numa disputa elegante, sem mortes. Uma vai lutando com a outra, até sair a vencedora. As lutas podem durar dias com pausas para descanso.

Feita a escolha, e o macho estando no formigueiro, ocorre a fecundação. Aliás, o papel do macho é fecundar a fêmea. Ele só aparece na hora de namorar. Depois de fecundada uma única vez, a dominante pode ter filhotes pelo resto da vida. Os filhotes passam por várias fases (ovo, larva, pulpa) até atingir a fase adulta. Depois, vivem cerca de um ano.

Por mais que as formigas incomodem, a natureza precisa delas. As formigas representam a maior população de insetos do planeta. Calcula-se que existam 18 mil espécies, das quais 3 mil vivem no Brasil. Mas pra que tanto?

O mundo sem as formigas poderia virar um caos! Muitos ecossistemas seriam prejudicados e algumas espécies deixariam de existir. O tamanduá seria o primeiro a sumir porque se alimenta delas. As árvores também sofreriam. Elas fornecem néctar às formigas, que, em troca, espantam os predadores, protegendo-as.

Como as minhocas, as formigas também movimentam a terra na hora de fazer os ninhos e a tornam rica em matéria orgânica, deixando-a fértil para o plantio. As formigas ainda ajudam a espalhar sementes garantindo a reprodução de algumas plantas e a controlar a população de muitos insetos.